CIDADE | TRANSPORTE
22 set 2011 | O secretário estadual do Planejamento Zezéu Ribeiro esteve hoje em Lauro de Freitas para dizer que é a favor da extensão da linha de metrô da Paralela até Portão, mas que não basta ter vontade política. “Existem implicações técnicas”, disse. “É preciso espaço, com pátio de manobra, maior volume de recursos e articulação deste terminal com o transporte urbano da cidade”, explicou, ao garantir que “estamos estudando todas estas variáveis”. O governador Jaques Wagner (PT) disse à reportagem da Vilas Magazine, em agosto, que o metrô chegaria ao Km 3,5 da Estrada do Coco, na altura da segunda ponte sobre o rio Ipitanga. Naquele ponto existe hoje uma grande área ocupada pelos depósitos de uma loja de varejo.
> © COPYRIGHT VILAS MAGAZINE | FOTO DE ROGÉRIO BORGES EM 22.09.2011 | ||
> Marta Suplicy fala sobre “governo metropolitano” na apresentação de Antônio Rosalvo | ||
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> Moema fala ao lado de Lula, Rosalvo e Zezéu Ribeiro: só micro-ônibus em Lauro de Freitas | ||
O posicionamento do governo foi revelado à platéia de cerca de 200 pessoas que compareceu à audiência pública organizada pela Câmara Municipal para reivindicar que o metrô chegue a Portão. Grande parte das pessoas que participaram da audiência, realizada no Cine Teatro de Lauro de Freias, não costuma aparecer em eventos semelhantes. Nessas ocasiões, o público costuma ser formado por agentes públicos e pessoas que orbitam a administração pública. A grande afluência de populares é resultado de uma campanha organizada pelo presidente da Câmara Antônio Rosalvo no Facebook. Mais que discutir a mobilidade urbana no âmbito do projeto do governo estadual, Rosalvo convidou as pessoas a ir defender o “metrô até Portão”. Logo na abertura da audiência, o presidente da Câmara defendeu que “o metrô da Paralela é metropolitano” e não de Salvador, sublinhando que a avenida Paralela não tem demanda própria de passageiros para alimentar o sistema. “A demanda da Paralela nasce em Lauro de Freitas, em Portão”, afirmou com base em dados da Queiroz Galvão durante uma apresentação em que foi exibida uma entrevista com a senadora Marta Suplicy (PT). A senadora apresentou o conceito de “governo metropolitano”, propondo a criação de um novo ente federativo, acima da esfera municipal e abaixo da estadual, para gerenciar questões como saúde e transporte de massa, que dizem respeito a mais de um município numa região metropolitana. Classificando as propostas apresentadas ao governo como “incompletas” por não levar Lauro de Freitas em consideração, Rosalvo demonstrou que todos os argumentos a favor do metrô na Paralela se aplicam “também ou principalmente” aos problemas da Estrada do Coco: a poluição ambiental causada por milhares de ônibus em circulação, o congestionamento permanente, a explosão da frota veicular, que dobrou nos últimos seis anos, a expansão imobiliária e os novos pólos geradores de tráfego de passageiros. A prefeita Moema Gramacho (PT) também disse que o problema de transporte de massas tem que ser pensado numa perspectiva metropolitana: “o metrô tem que chegar a Portão”. Mesmo que não num primeiro momento, mas “o projeto tem que ser pensado para isso desde já”, afirmou. A prefeita foi mais longe do que nunca, dizendo que o ideal é que em Lauro de Freitas “só circulem micro-ônibus” destinados a alimentar o metrô. Completamente alheios a essa realidade, diversos debatedores com assento na mesa preferiram ater-se aos problemas de Salvador, remoendo a já resolvida questão do corredor de ônibus anteriormente proposto. O vereador Jorge Jambeiro, representando a Câmara Municipal de Salvador, chegou a apresentar à platéia o projeto já descartado pelo governo estadual. Um excesso de pronunciamentos oficiais abordando temas alheios à audiência acabou por desperdiçar a presença de Zezéu Ribeiro e uma preciosa oportunidade para aprofundar a concepção do metrô como assunto metropolitano. O secretário do Planejamento da Bahia ainda teve que ouvir intervenções de populares que nada tinham a ver com o assunto em pauta antes de responder a duas ou três questões efetivamente relevantes na ocasião. Antônio Rosalvo justificou a falta de foco dizendo que “a audiência é pública e não posso impedir ninguém de dizer o que quiser”, mas garantiu que o assunto “não fica encerrado”. De acordo com ele, a mobilização popular continuará a ser estimulada “até alcançarmos um resultado concreto”. Alguns dos vereadores presentes buscaram retomar o eixo da discussão. Entre eles Lula Maciel (PT), que disse que “não podemos imaginar cidades desenvolvidas com transporte subdesenvolvido” e destacou que “a qualidade de vida das pessoas tem que ser elemento central nessa questão”. Márcio Paiva (PP) lembrou que a Câmara Municipal já havia solicitado, por indicação sua, que o sistema de transporte de massa chegasse a Portão de imediato. “Quem sabe quando teremos essa oportunidade de novo”, perguntou o vereador, referindo-se ao investimento que será feito em nome da Copa 2014. Dagoberto Muniz, presidente da Coopelotação, que reúne os empresários do transporte complementar de Lauro de Freitas, quis saber se o projeto de transporte de massa incluía a qualificação do sistema alternativo. Zezéu Ribeiro garantiu que haverá uma integração, mas descartou apoio financeiro específico. Uma das propostas pertinentes ao assunto foi apresentada por Wicttor Picanço, Presidente do Conselho da Juventude do Município de Lauro de Freitas e membro do “Movimento Tranca Ruas”, dedicado à discussão do transporte público. O movimento desenhou um mapa para mostrar o que seria, do ponto de vista dos usuários, a rede ideal de transporte de massa na Região Metropolitana de Salvador, com passe livre e integração multimodal. Para o Tranca Ruas, o metrô deve passar pelo Largo do Caranguejo, ponto central de Itinga, antes de seguir pela Estrada do Coco e alcançar Portão. |