CAPELÃO | PEDÁGIO
1 mar 2012 | O acesso da comunidade do Capelão, em Areia Branca, à BA-526 (CIA-Aeroporto) será mesmo fechado se depender da Concessionária Bahia Norte (CBN), responsável pela via. Técnicos da empresa teriam garantido isso mesmo à prefeitura de Lauro de Freitas, que administra a região. Formalmente, as localidades do Capelão e de Areia Branca estão em território de Salvador.
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> Elisângela tem visão privilegiada para a fonte de seus problemas enquanto assenta tijolos | ||
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> Tráfego no acesso da rodovia ao Capelão: via de acesso às comunidades de Areia Branca | ||
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> Antônio Rosalvo, autor da ação civil pública contra o bloqueio do acesso: impactos sociais | ||
A concessionária, que teria chamado o acesso de “rota de fuga”, aponta que um grande volume de tráfego utiliza o percurso para escapar do pagamento do pedágio na rodovia. As comunidades do Capelão e de Areia Branca, embora se incomodem com o excesso de veículos, exigem que os acessos à rodovia sejam mantidos. Sem jurisdição para resolver o problema, a prefeitura vem negociando “possíveis contrapartidas” em benefícios à comunidade. Menos disposto a contemporizar, o presidente da Câmara Municipal Antônio Rosalvo (PSDB), resolveu dar entrada numa ação civil pública contra a concessionária para impedir o fechamento do acesso do Capelão – tal como fez a prefeitura de Camaçari em relação à BA-099. Para Rosalvo, “os benefícios à comunidade são devidos de qualquer forma e não à custa do direito de ir e vir”. Para ele, “a concessionária será obrigada a resolver o problema do tráfego sem ferir os direitos da população”. Durante encontro com a comunidade no mês passado, a prefeita Moema Gramacho (PT) enfrentou protestos e disse que “se depender de mim não fecha nada”. E acrescentou: “aliás, não haveria nem pedágio”. Para a dona de casa Elisângela Lima, 30, moradora do Capelão há 12 anos, o pedágio só trouxe desgastes. Da casa em que mora, na ladeira que liga a rodovia ao Capelão, ela tem uma vista panorâmica do problema, ilustrado pela praça de pedágio. “A violência aqui aumentou” depois que o novo volume de tráfego passou a atravessar a comunidade, afirma. Mas “fechar a nossa saída para a estrada não é solução”. Moradores da área propõe um acesso controlado, apenas para quem mora na região. De acordo com a prefeitura de Lauro de Freitas, o fechamento do acesso seria legal porque é possível chegar lá por dentro de Itinga. A rota, além de passar por um trecho urbano congestionado e de alta densidade populacional, acrescenta cerca de quatro quilômetros ao percurso que vai do Capelão a São Cristovão. Para Antônio Rosalvo, que mora na região, “isso não é alternativa”. A concessionária, na avaliação do presidente da Câmara, “quer criar um beco onde sempre houve livre acesso”. Para ele, “os responsáveis pela concessão da estrada deveriam ter estudado os impactos sociais antes de tomar decisões”. A viabilização econômica do trecho “não pode ser feita às custas do bem-estar da população”, diz. Mais acima na ladeira do Capelão, na praça da Mangueira, junto ao final de linha dos ônibus, o comerciante Expedito da Silva, 44 anos, também é contra o fechamento do acesso. Há 20 anos explorando uma barraca de lanches no local, ele teme o fim do comércio na área. “Se fecharem o caminho muita gente vai ser prejudicada”, afirma. Ditiano Lima, 22 anos e Leonardo da Silva, 23, ambos moradores do Capelão desde que nasceram, também não aceitam o bloqueio do acesso à comunidade. “Para chegar em São Cristóvão a gente vai ter que atravessar a Itinga toda”, verifica Ditiano – “não é justo”. | ||
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> Expedito Silva (esq), Ditiano e Leonardo: bloqueio do acesso inviabilizaria a comunidade | ||
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> Levantamento aerofotogramétrico mostra a rota que atravessa o Capelão e Areia Branca |