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01 JUL 2012 | Os sobrevôos militares em Lauro de Freitas, que tanta curiosidade causam na cidade, vieram para ficar – e serão mais freqüentes no futuro próximo. A informação é do Major Aviador Fábio Luís Morau, comandante do 1º Esquadrão do 7º Grupo de Aviação (1º/7º GAv) ou Esquadrão Orungan, sediado na Base Aérea de Salvador. Morau falou à reportagem da Vilas Magazine sobre a importância para a segurança nacional que tem o Orion P3-AM, a aeronave que frequentemente voa a baixa altitude sobre a cidade.
> FOTO DE Sd. Silva Lopes (FAB) EM 25.11.2010 | ||
> O primeiro P3-AM Orion da FAB, aeronave de patrulha com autonomia para 16 horas de vôo | ||
O sobrevôos, que hoje acontecem duas vezes por semana por piloto, passarão a ser diários quando a Força Aérea Brasileira (FAB) receber as seis aeronaves que faltam para completar uma frota de nove aviões de patrulha, todos do mesmo modelo. Até dezembro, três unidades virão juntar-se às três primeiras, em operação desde julho do ano passado. As três restantes devem ser entregues em 2013. O objetivo dos sobrevôos é treinar permanentemente novas tripulações. Dos 26 pilotos, 11 já estão formados. Cada unidade conta com dois pilotos, dois mecânicos, dois observadores e seis sensoristas – o pessoal militar que opera o equipamento de vigilância marítima instalado a bordo das aeronaves. São múltiplos radares e recursos de localização de submarinos que exigem treinamento específico. Os observadores são responsáveis por manter contato visual com os motores e toda a estrutura da aeronave, auxiliando a operação. “O pessoal de vôo e manutenção já estava formado” quando as primeiras aeronaves chegaram, explica o comandante da Base Aérea. Agora “os sensoristas estão sendo treinados, inclusive com apoio da Marinha”, em alto mar, mas novos pilotos virão assumir as outras unidades do P3-AM Orion. O comandante explica que os vôos de instrução para os pilotos consistem em praticar pouso e decolagem na área de "tráfego visual" do aeroporto internacional de Salvador – originalmente Aeroporto de Ipitanga, até 1955. As aeronaves cumprem um trajeto que é tecnicamente descrito como “perna do vento, base, final e contra-base”. A rota forma um retângulo em que o trecho sobre Lauro de Freitas é a “perna do vento” – quando a aeronave voa com vento de popa – e a pista do aeroporto é a “final”, quando a aeronave segue para pouso, com vento de proa. O P3-AM apenas toca a pista e arremete logo em seguida em direção à contra-base, perna do vento, base e novamente para a final. O Esquadrão Orungan é a unidade da FAB dedicada à patrulha marítima que opera nacionalmente os novos P3-AM a partir da Base Aérea local. Ao contrário dos antigos P-95 “bandeirulha”, os Bandeirante de patrulha marítima que costumavam ser vistos sobre Lauro de Freitas, o P3-AM Orion tem autonomia para cobrir todo o território nacional, com 16 horas de vôo ou 1,5 mil milhas. O P-95 tem apenas 7 horas de autonomia de vôo. Os Orion, que por enquanto voam sem armamento, deverão ser futuramente equipados com material de combate, podendo cumprir missões sobre os campos de petróleo do pré-sal e sobre a Amazônia, sempre partindo de Salvador. O Major Aviador Morau destaca que a chegada das novas unidades de patrulha marítima representam o “resgate do cumprimento da missão antisubmarino” na Força Aérea Brasileira, já que foi desativada há mais de 16 anos, no Rio de Janeiro, a única base antisubmarino que o país tinha. As unidades de patrulha da FAB foram as primeiras a entrar em combate na Segunda Guerra Mundial, atacando e afundando submarinos alemães na costa brasileira. De acordo com os professores Gildásio Freitas e Emanuel Paranhos, autores do “Livro da História de Lauro de Freitas”, fez em maio 70 anos que aviões antisubmarino afundaram o primeiro submarino alemão, perto do Atol das Rocas, partindo da Base Aérea de Santo Amaro de Ipitanga. |