TRANSPORTE | VILAS DO ATLÂNTICO
13 MAI 2013 | De acordo com a prefeitura de Lauro de Freitas, as linhas de ônibus que servem Vilas do Atlântico voltaram a passar pela avenida Praia de Copacabana – mas apenas no trecho da barraca Buraco da Velha ao Vilas Tênis Clube. Os moradores e trabalhadores da rua Praia de Tambaú, da península de Vilas e do Loteamento Miragem, que anteriormente contavam com transporte público, não foram contemplados. A comunidade está mobilizada para exigir igualdade de tratamento e promete organizar um protesto formal de ampla visibilidade.
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Uma reunião realizada na secretaria municipal de Trânsito com os representantes das empresas Dois de Julho e Costa Verde teve o objetivo de "regularizar os serviços de transportes públicos afim de beneficiar os moradores da Avenida Praia de Copacabana em Vilas". Segundo a prefeitura, a medida foi tomada a pedido da Sociedade de Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico (Salva). O novo trajeto dos ônibus em Vilas do Atlântico, alterado em setembro do ano passado, deixou a pé moradores e trabalhadores do Miragem, da península de Vilas e da rua Praia de Tambaú, junto ao antigo final de linha. Contrariando o compromisso anteriormente assumido, ao transferir o ponto para a avenida Praia de Itamaracá a prefeitura permitiu que as empresas reduzissem a abrangência do percurso. A administração municipal havia divulgado que o trajeto sofreria "pouca alteração” e continuaria “contemplando todas as áreas de Vilas do Atlântico". Não foi o que aconteceu. Para continuar atendendo as áreas que sempre foram cobertas pelo transporte público em Vilas do Atlântico, as empresas concessionárias do transporte público teriam que percorrer 1,2 Km a mais – custo que correria por conta das mesmas. Em vez disso, o trajeto ainda foi reduzido em cerca de 300 metros (veja mapa). Na altura, a prefeitura antecipou que a população continuaria a ser ouvida no sentido de fazer eventuais ajustes e que "toda sugestão" seria avaliada. Agora o trajeto foi novamente modificado sem que os moradores mais prejudicados tivessem sido ouvidos. A moradora Ivelise Melo foi uma das prejudicadas. “Concordo com a mudança do final de linha, ficou mais decente, mas o roteiro de ônibus tem que continuar o mesmo”, anota. “A finalidade do ônibus é servir a população e não beneficiar os empresários”, lembra Ivelise. A reivindicação dos moradores é que os ônibus continuem a percorrer o trajeto de sempre, inclusive até o final de linha antigo. “Como vai ficar a comunidade, os operários, as secretárias do lar, todas as pessoas que circulam em Vilas, para ir à padaria, mercado, academia, igreja, praia?”, pergunta a moradora – “Só proprietário de carro?”. Para ela, a alteração do roteiro, que contou com a concordância da Sociedade de Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico (Salva), a associação de moradores do bairro, é uma “falta de respeito com a comunidade”. Ivelise sugere que “se as empresas não concordarem com o roteiro que beneficia os moradores a prefeitura deve fazer concorrência e colocar empresas que sirvam a comunidade”. Os mais prejudicados são os moradores do Miragem, que contam com o transporte público de Vilas do Atlântico. Angela Maria de Souza, que mora no loteamento Jardim Atlântico, no Miragem, conta que é usuária de ônibus há dois anos e meio e foi surpreendida com a mudança. “A alteração do roteiro dos ônibus está prejudicando muito as pessoas que residem e as que trabalham no Miragem e nas proximidades do antigo final de linha dos ônibus”, testemunha. Angela destaca que “as pessoas idosas também utilizam o transporte de Vilas do Atlântico e estão sendo penalizadas pela distância que têm que percorrer até as suas casas ou trabalho”. Com a redução da cobertura do transporte público, os moradores do Miragem e da península agora são obrigados a caminhar cerca de 600 metros a mais até o ponto mais próximo, na rua Praia de Itamaracá. A regulamentação do serviço de ônibus impõe uma distância máxima de 800m entre os pontos, de forma que os usuários não tenham que andar mais que 400m. “Cada vez mais necessitamos sair mais cedo de nossas casas e retornamos mais tarde em decorrência dos terríveis engarrafamentos de Salvador e Lauro de Freitas”, lembra Angela. A moradora faz ainda um alerta: “a mudança implica em caminharmos mais tempo e, consequentemente, uma maior exposição a riscos (ruas desertas e escuras)”. Ela pede “uma reanálise do percurso, pois os ônibus podem passar pelo antigo final de linha dos ônibus sem nenhum prejuízo”, lembrando que “a solicitação é apenas para que os ônibus voltem a passar no antigo final de linha do ônibus”. O estudante Vinícius Nonato, morador da rua Praia de Tambaú, é outro dos prejudicados pela redução do percurso dos ônibus. “Chego da Ufba todos os dias por volta das 21h e agora sou obrigado a caminhar 600m por uma rua deserta”, conta. Para ele, “é um absurdo permitirem às empresas fazer um trajeto reduzido só para atender os interesses das próprias empresas”, já que “o transporte coletivo é uma concessão de serviço público e tem que atender as necessidades da população”. O novo final de linha de Vilas do Atlântico, na avenida Praia de Tramandaí, conta com instalações de apoio às tripulações, incluindo banheiros e sala de TV. A transferência, reivindicada pelos moradores do bairro desde 2004, não deveria afetar a cobertura do transporte público no bairro. A Vilas Magazine destacou o problema na edição de junho último, quando a prefeitura mostrou o roteiro que seria implantado. A proposta deixava fora do roteiro as avenidas Praia de Copacabana e Praia de Tambaú. Os mais prejudicados, apontava a notícia, seriam os moradores e trabalhadores da península de Vilas e do Miragem – justamente os que permanecem desatendidos. |