CIDADE | IDHM 2013
01 AGO 2013 | Apesar do acelerado crescimento populacional dos últimos dez anos, Lauro de Freitas exibe hoje maior renda per capita do que Salvador, fato inédito até 2010. O dado consta do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, apresentado no final de julho em Brasília pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Com R$ 1.031,78 de renda média, Lauro de Freitas é o município baiano com maior capacidade de compra e consumo, seguido pela capital (R$ 973,00), Luis Eduardo Magalhães (R$ 871,12) e Feira de Santana (R$ 662,24). O mais pobre do estado é Sítio do Mato, a 812 Km de Lauro de Freitas, com renda per capita de R$ 135,49.
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O trabalho, resultado de uma parceria da ONU com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com a Fundação João Pinheiro (FJP), avalia os dados do Censo Demográfico do IBGE, categorizando-os sob a ótica do desenvolvimento humano, resultando no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, o IDHM. Como o PNUD alterou a metodologia de cálculo do IDHM em relação às edições do Atlas de 1998 e 2003, os índices não são comparáveis. Mesmo assim, observa-se uma evolução positiva no hiato de desenvolvimento humano – ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1. Entre 2000 e 2010 o IDHM de Lauro de Freitas passou de 0,616 para 0,754 em 2010 - uma taxa de crescimento de 22,4%. O hiato foi reduzido em 35,94% entre 2000 e 2010. Entre 1991 e 2000 o IDHM passou de 0,474 para 0,616 – uma taxa de crescimento de 29,9% e o hiato de desenvolvimento humano foi reduzido em 27%. Nas duas décadas, de 1991 a 2010, Lauro de Freitas aumentou o seu IDHM em 59%, acima da média de crescimento nacional (47,4%), mas abaixo da média estadual, de quase 71% – fator que se deve ao histórico atraso no desenvolvimento do interior. O hiato foi reduzido em mais 53% em todo o período. O retrato atual posiciona Lauro de Freitas entre os municípios do país com “Desenvolvimento Humano Alto” (IDHM entre 0,700 e 0,799). O número ficou em 0,754, na Bahia abaixo apenas de Salvador, que cravou 0,759. O campeão nacional é São Caetano do Sul (SP), com 0,862. O último colocado é Melgaço (PA), com 0,418. Barreiras (0,721) e Luís Eduardo Magalhães (0,716) ficaram em terceiro e quarto lugar na Bahia. O menor IDHM da Bahia (0,486) pertence a Itapicuru, cidade com 32 mil habitantes, a 220 Km de Lauro de Freitas. Entre 1991 e 2000 e depois entre 2000 e 2010, a dimensão do IDHM que mais cresceu em termos absolutos foi a Educação, com crescimento de 0,183 no primeiro período e de 0,208 no segundo, seguida pela Longevidade e pela Renda. Todos os índices melhoraram ao longo dos anos, mas alguns continuam preocupantes. Menos de metade dos adolescentes de 15 a 17 anos, por exemplo, têm o ensino fundamental completo. Renda maior que a de Salvador – O destaque positivo vai mesmo para a evolução da renda per capita – a renda média mensal dos indivíduos residentes no município – que era de R$ 437,59 em 1991, R$ 651,63 em 2000 e R$ 1.031,78 em 2010. A renda local cresceu mais de 135% nas últimas duas décadas, com uma taxa média anual de crescimento de 48,9% entre 1991 e 2000 e de 58,34% entre 2000 e 2010. A extrema pobreza – pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70 – passou de 16,8% em 1991 para 10,7% em 2000 e para 3,4% em 2010. Em comparação, a renda per capita de Salvador, que também cresceu, era superior à de Lauro de Freitas em 1991 (R$ 570,63) e 2000 (R$ 685,87), mas perdeu fôlego em 2010, ficando em R$ 973,00. Isso, apesar do maior crescimento populacional de Lauro de Freitas. Entre 2000 e 2010, a população de Lauro de Freitas teve uma taxa média de crescimento anual de 3,84%, contra 0,91% de Salvador. Na década anterior, de 1991 a 2000, a taxa média de crescimento anual foi de 5,70%, contra 1,82% de Salvador. Na Bahia e no Brasil, a taxa foi de cerca de 1% nos dois períodos. O número oficial para 2010 é de 163.449 habitantes. Em 1991 eram 68.094. Uma possível explicação para o crescimento da renda per capita nas últimas duas décadas está na taxa de urbanização de Lauro de Freitas, que cresceu impressionantes 55%. Em Salvador, o mesmo índice ficou em 0,12%. Camaçari, que registra uma renda per capita de R$ 553,18, também experimentou crescimento populacional elevado, de cerca de 4% ao ano em duas décadas, mas a taxa de urbanização aumentou apenas 0,24%. Desigualdade permanece – O PNUD alerta, contudo, para a grande limitação do indicador de renda: o número não considera a desigualdade de renda entre os habitantes do município. Lauro de Freitas pode apresentar uma elevada renda per capita e, ao mesmo tempo, ter uma grande parcela de sua população vivendo na pobreza. De fato, apesar do aumento na renda per capita e da grande redução da pobreza, a cidade não progrediu da mesma forma quanto à distribuição de renda. Os “extremamente pobres” eram quase 17% em 1991, mais de 10% em 2000, mas apenas 3,48% em 2010. Já a concentração de renda quase não sofreu alterações. Os 20% mais pobres detêm 2,43% da renda em 2010, pouco mais que os 1,95% de 2000 e que os 2,2% de 1991. Na ponta oposta da pirâmide de renda, os 20% mais ricos concentram mais de 68% da renda do município. Em 2010 e 1991 eram cerca de 72%. O índice de Gini, que mede o grau de concentração de renda, variando de 0 a 1 – que representaria completa desigualdade – progrediu na última década, mas quase não se moveu: 0,68 em 1991, 0,67 em 2000 e 0,63 em 2010. Os números relativos à taxa de ocupação da população economicamente ativa (PEA) ajudam a explicar a desigualdade. Apenas 55% dos ocupados têm o ensino médio completo. Quase 30% não têm sequer o fundamental. Também em consequência disso, cerca de dois terços da população ganham menos de dois salários mínimos. Quase 14% não ganham nem um salário mínimo. O setor de serviços firma-se como grande gerador de empregos em Lauro de Freitas, com mais de 53% da mão de obra empregada em 2010. Em seguida vem o comércio, com 16,45%, a construção (11,7%) e a indústria de transformação (9,51%). Utilidade pública (0,88%), indústria extrativa (0,63%) e agropecuária (0,71%) são atividades inexpressivas no município. Redução da pobreza – Ainda em relação a trabalho e renda, o município registra considerável queda no percentual de pessoas “vulneráveis à pobreza”. Eram 68% em 1991, 52% em 2000 e 30% em 2010. O percentual de “crianças extremamente pobres” também caiu consideravelmente, de 22% em 1991 para 17% em 2000 e para 6% em 2010. Outro indicador social que merece destaque é a condição de moradia no município. O percentual de habitantes em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados caiu de 7,9% em 1991 para 6,4% em 2000, mas para 1,7% em 2010. O componente de longevidade, que também apresenta melhoria expressiva, inclui dados de mortalidade infantil – crianças com menos de um ano – que em Lauro de Freitas reduziu 51%, passando de 31,2 por mil nascidos vivos em 2000 para 15,1 por mil nascidos vivos em 2010. O número cumpre a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das Nações Unidas para a mortalidade infantil no Brasil com cinco anos de antecedência. Pelos ODM, a taxa deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015. Em 2010, a taxa de mortalidade infantil da Bahia ainda era de 21,7 por mil nascidos vivos. |