POLÍTICA | ELEIÇÕES 2012
8 out 2011 | O vice-prefeito João Oliveira, filiado ao PT desde meados de setembro, passou ontem com sucesso pelo batismo da massa petista em Itinga – e no altar do salão de uma igreja batista. Seo João, como é mais conhecido, aguardou o decurso de prazo para eventuais impugnações à sua filiação e anunciou os fatos no último dia 25. Faltava dar significado político ao ato.
> © COPYRIGHT VILAS MAGAZINE | FOTO DE ROGÉRIO BORGES EM 07.10.2011
> Moema Gramacho discursa na cerimônia de filiação: demonstração de força > © COPYRIGHT VILAS MAGAZINE | FOTO DE ROGÉRIO BORGES EM 07.10.2011
> Militantes anunciam o 13 em camisetas: nome assimilado pelo partido > © COPYRIGHT VILAS MAGAZINE | FOTO DE ROGÉRIO BORGES EM 07.10.2011
> Ao lado de Rui Costa e Moema Gramacho, João Oliveira é festejado ao fim da cerimônia
Formalmente anunciada como cerimônia de filiação dos quase 100 novos membros do PT em Lauro de Freitas, a ocasião foi planejada para legitimar o vice-prefeito como pré-candidato petista à sucessão de Moema Gramacho. Não fossem dificuldades técnicas, até mesmo um vídeo com o perfil de João Oliveira e diversas declarações de apoio teria sido exibido. Diante do contexto, a reafirmação de que não se tratava do lançamento de uma candidatura só fez sublinhar o oposto.
Em homenagem ao protocolo, a prefeita voltou a acenar com a ideia de que o candidato da base governista pode sair de qualquer partido. E citou como disponíveis para representar o PT os nomes do secretário de Governo Ápio Vinagre, do vereador Lula Maciel, da secretária de Assistência Social Lourdes Lobo – e do vice-prefeito João Oliveira. O caso é que, mencionados pausadamente e nessa ordem, os nomes mereceram uma escala crescente de aplausos da platéia. Numa prévia das prévias, a massa petista falou às centenas.
Lula Maciel e Lourdes Lobo, também. Sem crispações, ambos lembraram as respectivas histórias no PT. Para Lobo, ontem especificamente era o dia de “uma das estrelas da nossa constelação brilhar mais forte” – e daí o foco. “Que os novos filiados mereçam estar filiados ao nosso partido”, disse.
Força – Diante de resistências no diretório local, que promete ir às prévias para definir o candidato da legenda, Moema Gramacho uniu a base à cúpula partidária numa demonstração de força difícil de ignorar. No palco, sob um estandarte no melhor estilo monumental socialista inteiramente dedicado a João Oliveira, nomes relevantes do PT baiano deram-lhe entusiasmadas boas vindas.
O apoio de lideranças como os deputados federais Nelson Pelegrino e Rui Costa e o senador Walter Pinheiro – que mandou uma saudação gravada – não deixou dúvidas. O presidente do PT baiano Jonas Paulo fez questão de contar que deixou de participar de cerimônia semelhante em outro município para estar em Lauro de Freitas naquele momento. Até mesmo o prefeito de Camaçari Luiz Caetano apareceu.
Na platéia, além da militância petista em peso, estava quase todo o plantel político da cidade. Personagens nunca antes flagrados num evento partidário do PT converteram a ocasião em cerimônia de consagração – já não de João Oliveira, mas de Moema Gramacho. De opositores arrependidos a lideres de partidos que acabam de surgir na paisagem, estavam presentes praticamente todos os que orbitam os centros de poder. A hegemonia está a um passo, mas a um passo de pernas demasiado longas: a ausência mais óbvia foi a de Chico Franco (PC do B), que caminha para ir às urnas com ou sem o apoio do PT.
Último a falar, depois de despir a camiseta branca e literalmente vestir uma vermelha do PT, João Oliveira ofereceu um discurso sintonizado com a ocasião, mas fora da frequência petista, em especial diante da massa militante. Há palavras novas no vocabulário do vice-prefeito, mas a mensagem sublinha mais, por exemplo, os “valores da família” do que as “conquistas dos trabalhadores”. É certo que João Oliveira traçava um perfil de si mesmo, mas também é verdade que a platéia petista está mais habituada a ler as suas lideranças a partir de valores políticos e ideológicos – mesmo numa apresentação inicial.
O caráter conservador do vice-prefeito, contudo, constrói pontes para setores do eleitorado que não conseguem abordar conceitos como “democracia socialista” sem sentir um calafrio. Nisso precisamente reside a aposta de Moema Gramacho. Na face interna, partidária, João Oliveira viu-se credenciado como “parte do projeto do PT em Lauro de Freitas” desde 2004 – e à cúpula isso basta, desde que venha aí o terceiro mandato, largamente mencionado.
Histórico – Quase todos tentaram, mas quem melhor traduziu a legitimidade petista do vice-prefeito foi Ápio Vinagre. Testemunha da história local, Vinagre contou que aquela filiação chegou a ser discutida, por iniciativa do partido, há cerca de 10 anos – num tempo em que o PT não admitia sequer fazer parte de coligações partidárias, muito menos admitir personagens sem determinada carga genética política. “Desde aquela época você já era petista”, disse Vinagre.
Sempre na oposição ao lado de outros dois ou três, o então vereador João Oliveira dava espaço público e institucional às posições políticas do PT. Isso fazia toda a diferença num tempo em que o partido não tinha viabilidade eleitoral em Lauro de Freitas. Hoje são 20 as siglas que giram em torno da administração Moema Gramacho, mas a admissão de João Oliveira, longe de ser parte das novidades, teria raízes anteriores.
De maneira mais sutil, o vice-prefeito costuma lembrar isso mesmo. Dono de um estilo oposto ao de Moema Gramacho, cauteloso e dado a reflexões, seo João prefere concordar antes de comprar a discórdia. “Não fui operário de fábrica”, quis conceder ontem o comerciante de origem humilde – “mas sou operário da vida”. A militância petista parece não se importar.
Bom dia, Santo Amaro de Ipitanga
A edição de setembro da Vilas Magazine começa a circular no dia dois destacando em editorial a marca de 200 edições. Outro tema de destaque é o fim da coleta de lixo que a prefeitura sempre fez no pequeno comércio. O fim do serviço público está embasado em lei federal de 2010 que prevê responsabilidade compartilhada entre o poder público e o empresariado, deixando a regulamentação a cargo dos municípios. Em Lauro de Freitas, é uma lei de 22 anos atrás que estabelece o limite de 100 litros ou 500 kg para o que pode ser considerado “lixo domiciliar”. Qualquer coisa acima disso seria “responsabilidade do estabelecimento comercial”. Em Salvador, o limite é de 300 litros por dia.
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A coleta de lixo agora se tornou um luxo para nós, comerciantes |
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