CIDADE | VIOLÊNCIA
01 AGO 2014 | Quinze pessoas foram assassinadas em Lauro de Freitas no espaço de 30 dias – uma a cada dois dias, em média – desde a morte violenta de Fábio Dudez, morador de Vilas do Atlântico, em 15 de junho. Dias depois, dezenas de pessoas foram às ruas do bairro, numa manifestação em homenagem ao jovem, pedindo o estabelecimento de uma “cultura de paz” – conforme registrou a Vilas Magazine na edição de julho.
Os corpos dos quinze que perderam a vida logo depois foram localizados pela polícia em Itinga, Portão, Areia Branca e Vida Nova. Uma das vítimas era policial. Várias não tinham identificação. Em Vida Nova, quatro foram assassinados num mesmo dia.
No mesmo período, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, em Salvador e alguns municípios da Região Metropolitana foram registrados 110 assassinatos – ou mais de três por dia, em média.
> REPRODUÇÃO DO MAPA DA VIOLÊNCIA 2014
No país como um todo, segundo números do mais recente Mapa da Violência, 154 pessoas foram assassinadas a cada dia em 2012, resultando num total de 56 mil homicídios em apenas um ano. Na última década 556 mil brasileiros foram assassinados.
Os números, que excedem folgadamente as mortes registradas na maioria dos conflitos armados no mundo, apontam para uma situação de emergência que atinge especialmente o Norte e Nordeste brasileiros. Nesse cenário, a Bahia é um dos destaques.
No Norte, os homicídios mais que duplicaram entre 2002 e 2012, mas no Nordeste o quadro não é muito melhor. Os destaques negativos vão para o Maranhão, a Bahia e o Rio Grande do Norte, estados onde as taxas mais que triplicam.
Alagoas, Ceará e Paraíba, embora não cheguem ao extremo dos três piores, mostram índices de crescimento de homicídios muito elevados, mais que duplicando os números de 2002. O único estado da região que apresentou melhorias foi Pernambuco, com um decréscimo de 25% nesses dez anos.
O estudo é preparado todos os anos pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, agora com o apoio do Governo Federal e em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), um organismo internacional fundado em 1957 pelos Estados latino-americanos a partir de uma proposta da UNESCO.
Para Waiselfisz, “o que realmente impressiona nesses números são suas magnitudes”. Ele aponta que os 56 mil homicídios de 2012 aconteceram apesar de “todas as quedas derivadas da Campanha do Desarmamento e de diversas iniciativas estaduais”.
Em sete estados, sublinha o autor, “o crescimento foi explosivo”: Maranhão, Ceará, Paraíba, Pará, Amazonas e, especialmente, Rio Grande do Norte e Bahia. Compensando esse crescimento, Mato Grosso, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pernambuco e, especialmente, Rio de Janeiro e São Paulo, “apresentam fortes quedas”, avalia no estudo.
O Mapa da Violência, baseado em dados oficiais do governo federal, destaca uma inversão da incidência da violência, que até 2002 atingia principalmente as grandes cidades do sudeste. O nordeste experimentou, nesse período, um aumento da violência que Waiselfisz classifica como “totalmente inaceitável”, caso do Rio Grande do Norte, que marcou 343% de crescimento – mais que quadruplicando – ou a Bahia, Ceará e Maranhão, que mais que triplicam.
Lauro de Freitas – Apesar dos 15 homicídios em 30 dias e do cenário negativo da Bahia como um todo, Lauro de Freitas emerge das estatísticas de 2012 em posição menos desfavorável que no ano anterior.
O Mapa da Violência 2013, com base em dados de 2008 a 2010, situava a cidade como a terceira mais violenta do Brasil entre os municípios com mais de 20 mil habitantes. Na Bahia, era a segunda mais violenta, atrás apenas de Simões Filho, campeã nacional da barbárie.
Dois anos depois, Lauro de Freitas aparece no 17º lugar nacional, 7º da Bahia, mas a taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes pouco variou: eram 106, passaram a 103. A explicação para o avanço estatístico da cidade está na acelerada deterioração do quadro em outros municípios, inclusive na Bahia – que ao menos já não abriga o município mais violento do país.
O título pertence agora a Caracaraí, em Roraima, com espantosos 210 homicídios para cada 100 mil habitantes. Trata-se de um índice sem precedentes no histórico dos municípios e da própria pequena cidade – aquilo que os estatísticos chamam de ponto fora da curva. Caracaraí quase multiplicou por seis o número de assassinatos entre 2011 e 2012. Foram sete em 2011, mas 42 em 2012.
Simões Filho, hoje a terceira cidade mais violenta do Brasil, perdeu a macabra liderança por conta da explosão de homicídios naquele município de Roraima e por causa da acelerada deterioração do cenário em Mata de São João, que exibe um índice de 149 casos para cada 100 mil habitantes.
O antes pacato município do litoral norte baiano, onde se localiza Praia do Forte e Costa de Sauípe, passou em 2012 a ser o segundo mais violento do país e o campeão baiano do setor. Foram 15 homicídios em 2008, 17 em 2009 e 24 em 2010. A partir daí os assassinatos quase triplicam: 42 em 2011 e 62 em 2012. Fontes da polícia apontam o tráfico de drogas como responsável pela carnificina.
Quando se trata de jovens assassinados, Mata de São João e Simões Filho são líderes baianos e nacionais absolutos, com índices de 371,5 e 308,8 homicídios por cada 100 mil jovens – próprios de países em guerra. Lauro de Freitas ocupa o terceiro lugar na Bahia e o quinto no Brasil, com índice 252, seguida de perto por Itabuna (250) e Porto Seguro (245).
Ministério Público – Lauro de Freitas foi o primeiro município da Bahia a aderir, em dezembro do ano passado, a uma campanha do Ministério Público que busca reduzir violência nas escolas. O diferencial da proposta está na promessa de acompanhamento do Ministério Público quanto à adoção de uma cartilha.
A ideia é que a construção de uma cultura de paz nas escolas pode reverter o quadro de violência. O programa “Conte até 10 nas Escolas” pretende incutir nas crianças e adolescentes uma postura de respeito, tolerância e reflexão diante do outro e das adversidades, sob o mote de que “valente mesmo é quem não briga”.
A etapa que vem sendo realizada nas escolas é um desdobramento da campanha “Conte até 10. Paz. Essa é a atitude”, concebida como ação da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), lançada nacionalmente em novembro de 2012: uma mensagem de paciência, tolerância e reflexão para evitar atos de violência, especialmente homicídios.
Bom dia, Santo Amaro de Ipitanga
A edição de setembro da Vilas Magazine começa a circular no dia dois destacando em editorial a marca de 200 edições. Outro tema de destaque é o fim da coleta de lixo que a prefeitura sempre fez no pequeno comércio. O fim do serviço público está embasado em lei federal de 2010 que prevê responsabilidade compartilhada entre o poder público e o empresariado, deixando a regulamentação a cargo dos municípios. Em Lauro de Freitas, é uma lei de 22 anos atrás que estabelece o limite de 100 litros ou 500 kg para o que pode ser considerado “lixo domiciliar”. Qualquer coisa acima disso seria “responsabilidade do estabelecimento comercial”. Em Salvador, o limite é de 300 litros por dia.
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Editorial | 200 edições |
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Obras na Priscila Dutra cancelam 'rallye' | Prefeitura deixa de coletar lixo no pequeno comércio | Veja as capas dos principais jornais |
A coleta de lixo agora se tornou um luxo para nós, comerciantes |
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Thalita Cáceres, lojista que passou a tratar o lixo por conta própria depois que a prefeitura deixou de coletar no pequeno comércio. |
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