CULTURA | MÚSICA
1 mar 2012 | O rock de Lauro de Freitas enfim mostrou a cara em praça pública. Foi no sábado de carnaval deste ano, num “Rock in Lauro” inspirado no palco do rock da festa de Salvador. Cinco bandas locais animaram o público roqueiro, enfim admitido na cena cultural de Santo Amaro de Ipitanga, em plena Praça Martiniano Maia.
> © COPYRIGHT VILAS MAGAZINE | 17.02.2012 | ||
> Zezinho Peixoto, líder da banda hardcore Norfist, no "palco do rock" | ||
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> Alex Costa e Silvana Costa, na formação da Pastel com Miolos | ||
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> Eduardo Cachaça (dir), Grillo (esq) e Márcio Wesley na Movidos a Álcool | ||
A diversidade ficou garantida por Eduardo Cachaça e os Movidos a Álcool, que puseram o público roqueiro hardcore a cantar e dançar a fina flor do “rock brega”. Com Rogério Grillo na guitarra e Márcio Wesley na bateria, o “ébrio romântico” executou Sônia Louca, “Eu vou morar no brega” e outros sucessos do gênero. Há dez anos no circuito, Eduardo cultiva o estilo boêmio irreverente com uma afinadíssima voz. Quem mais comemorou a novidade do evento foi Alex Costa, 37 anos, conhecido pela participação na banda Pastel de Miolos – ou PDM. “É sempre muito bom tocar em Lauro, pois estamos mostrando para os nossos amigos, vizinhos, o que mostramos em outros lugares com maior freqüência”, disse. A exemplo da Norfist, outra banda local com alguma estrada, a PDM só encontra espaço para espetáculos nos circuitos do rock de Salvador ou em Camaçari, graças a pessoas “que mantêm seus bares contra tudo e contra todos”. Jato Invisível e PDM – Neste primeiro “Rock in Lauro” Alex colheu resultados principalmente para a Jato Invisível, banda de que participa também Silvana Costa, esposa e mãe de seus dois filhos, Mateus, 14 e Esdras, 8 anos. O mais velho já toca. No dia do evento na praça foi ele o responsável pela afinação da guitarra e do baixo do pai. A emersão da cena roqueira na cidade acontece com pelo menos 16 anos de atraso, desde a criação da PDM. “Era uma legião de roqueiros que pensavam sobre a sociedade e a vontade de mudar as coisas, mas parece que o sistema foi mais forte e quem mudou foram as pessoas”, avalia Alex. Depois deles, muito recentemente, veio a banda Saída de Emergência, liderada por Bia Andrade. Criada no final de 2009, a Norfist, liderada por Zezinho Peixoto, já nasceu experiente, com integrantes de antigas bandas. Entre o pessoal mais antigo “muitos desistiram, tomaram outro rumo, casaram, buscaram religiões”, conta Alex. “Eu também casei e continuo lutando por algo melhor”, diz – “quero muito criar esta cena” na cidade. Por conta dessa paixão, Alex hoje toca com outras duas bandas. Ele foi parte da criação da PDM, com Alisson Lima, mas é na Jato Invisível – de estilo indie – que “veiculo minhas neuroses”, diz. Como músico, executando o som, participa também da Clandestinos – que de forma transversa acabou por provocar esse novo momento do rock local. Foi num “tributo a Roger Batera”, em janeiro, que as bandas resolveram reivindicar um lugar ao sol. Falecido no final do ano passado, aos 39 anos, Rogério Almeida fazia parte da Clandestinos. Ápio Vinagre, secretário municipal de Governo e presidente do Conselho Municipal de Cultura apadrinhou a demanda com um modestíssimo, mas essencial, apoio de R$ 1,5 mil do Fundo Municipal de Cultura. A prefeitura garantiu o equipamento de som e a infraestrutura na praça. Norfist – O espaço ficou pequeno quando a Norfist ocupou o palco e iluminou a praça com a sua cenografia caprichada. Os fãs do hardcore mostraram a energia de sempre num evento sem incidentes. Zezinho Peixoto, líder da banda, trouxe à tona a identidade cultural da platéia ao integrar Itinga – a origem da Norfist – em Lauro de Freitas. Para destacar a oportunidade de tocar “em casa”, Zezinho identificou o grupo com a cidade como um todo. O público reagiu: somos de Itinga. O nome da banda carrega preocupações de identidade, mas bem mais amplas. Foi em busca de um termo para expressar regionalismo que o baixista Renato Damasceno teve a ideia de usar "nordeste". Veio “northeast”, em inglês. Norfist é como a banda entendeu pronunciar o nome, evitando usar a palavra estrangeira. O estilo é um punk rock hardcore para ninguém botar defeito. A banda, que prepara a gravação do seu primeiro CD, ganhou impulso em 2010 depois de participar da Oficina Palco do Rock, porta de acesso ao evento de Salvador. O primeiro espetáculo veio no ano passado, rendendo à Norfist o prêmio de revelação do Palco do Rock 2011. Além de Zezinho no vocal e na autoria da maioria das letras, a banda é hoje formada por Paulo Reis na guitarra, Claudio Sacramento, o Ducho, no baixo e Greick Santos, 21 anos, na bateria. Saída de Emergência – Antes da Norfist e da Jato Invisível apresentou-se a novíssima Saída de Emergência, com Bia Andrade no vocal, sua irmã Letícia no baixo, Carlos Alberto, o Cloud, na bateria e Juares Santos na guitarra. A formação oficial tem Cauê Borges na guitarra e João Andrade – irmão das meninas – na bateria e no backing vocal. Na platéia do fim de tarde, firme presença do jovem fã clube oficial da banda. Entre eles, os pais de Bia e Letícia. João Batista Andrade Jr., instrutor de hipismo no Equus Clube do Cavalo, em Vilas do Atlântico, apóia as meninas como qualquer pai coruja. A presença de palco é o forte de Bia Andrade, 18 anos, que encarna um pop rock de som mais pesado do que o tradicional. Com apenas seis meses de estrada, a banda estreou naquele evento. Foi “o primeiro show da banda, pra valer”, contou a vocalista e letrista. No espetáculo de carnaval, Bia cantou duas músicas próprias: "Reais Motivos" e "Apenas Passado". As melodias são de Cauê Borges. O nome da banda vem da música homônima da baiana Pitty – uma das referências de Bia – ao lado de Luxúria e Paramore, uma jovem banda americana de rock alternativo. Antes da Saída de Emergência, os irmãos faziam “pequenas participações em colégios, aniversários e uma vez em um festival de música estudantil promovido pela LFTV”, conta. Cauê juntou-se ao grupo para dar um “up” no som. “O estilo dele bateu com o nosso e acabamos firmando a banda”, diz Bia. Estudante de Administração na Ufba, ela quer mesmo é fazer carreira na música, assim como os irmãos. | ||
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> Bia Andrade (dir) e Letícia Andrade: banda Saída de Emergência | ||
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> No fim da tarde a maioria do público era de fãs da Saída de Emergência | ||
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> À noite tomaram conta do espaço os fãs do rock hardcore da Norfist |