LITORAL NORTE | PRAIAS
01 JUN 2012 | É ilegal circular em veículo motorizado na faixa de praia – e os quadriciclos estão incluídos. Apesar disso, é cada vez mais comum ver banhistas ameaçados por um desses mini-tratores rurais, projetados para vencer terrenos acidentados dentro de propriedades privadas. Transformados em brinquedo de luxo, foram tomando espaço nas praias e com a tolerância das autoridades, especialmente no Nordeste.
> © COPYRIGHT VILAS MAGAZINE | 26.05.2012
> Quadriciclos na praia, além de ilegais, representam um risco para os banhistas
Mas enquanto em Pernambuco, na Paraíba, no Maranhão e outros estados a polícia já toma providências, na Bahia os quadriciclos continuam a circular sem qualquer cerimônia – inclusive na faixa de praia sob proteção ambiental, o que constitui crime. Em Vilas do Atlântico eles fazem parte da paisagem há anos já. E passaram a ameaçar a segurança de banhistas por todo o litoral norte.
Agora as comunidades de Itacimirim e Guarajuba, em Camaçari, e Imbassaí, em Mata de São João, resolveram mobilizar-se contra o uso de quadriciclos, motos e veículos nas praias. A mobilização ganhou força no mês passado com o apoio da agência Morya. As peças publicitárias já começam a ser veiculadas em outdoors, cartazes e placas.
O prejuízo ambiental é uma das vertentes da campanha. A circulação de veículos nas praias é apontada pelo Projeto Tamar como grande responsável pela redução de natalidade de tartarugas por provocar a destruição de ninhos. Na base de Praia do Forte, os biólogos do Tamar ensinam aos visitantes que os quadriciclos também são responsáveis por compactar a areia, impedindo a saída dos filhotes quando os ovos eclodem.
Outra abordagem, bem mais relevante, diz respeito à segurança de banhistas, crianças inclusive. Na tentativa de garantir um espaço livre da ameaça dos quadriciclos, pais e mães de crianças têm confrontado os infratores. Diálogos ríspidos e agressões verbais têm se tornado comuns nas praias, de acordo com Antônio Carlos Aquino de Oliveira, morador de Itacimirim. Ele faz parte do grupo de moradores que iniciou a campanha com um ato no acesso à localidade exibindo faixas, cartazes e com a distribuição de panfletos.
Segundo Arno Dreschers, proprietário de uma pousada em Itacimirim, a campanha conta com o apoio de todos os empresários do ramo na localidade. Arno destaca que os hóspedes costumam registrar insatisfação com a ameaça dos quadriciclos na praia e “até cobram dos donos de pousadas ações que eles não podem adotar, como apreender os veículos”. Gérsio Chiminazzo, morador de um dos condomínios de Itacimirim, chegou a ser ameaçado ao abordar infratores que colocavam pessoas em risco. Para ele, é preciso “alertar todos para que sejam ainda mais cautelosos com estes indivíduos pois eles não têm limites e estão obviamente apostando na famosa impunidade que permeia todas as nossas instituições”.
Alguns moradores já improvisam obstáculos à circulação dos quadriciclos, com toras de coqueiro, para evitar que crianças sejam atropeladas. Em Guarajuba os moradores já se mobilizaram, cavando obstáculos e fazendo “apitaços” quando aparecem pessoas em veículos nas praias, o que tem gerado constrangimentos e mudanças de hábitos. Imbassaí também aderiu à campanha e tem feito reuniões de moradores para tratar do assunto. Em Lauro de Freitas não há sinal de movimentação para coibir a ameaça nas praias.
“A situação é grave, pois agora nota-se que a polícia não se incomoda e não se envolve”, diz Aquino. Tadeu Esper, também morador de Itacimirim, considera que há “um certo descaso com a questão por parte das autoridades por se tratar de uma situação entre pessoas de mesma classe social, cujas consequências são menores que a violência cotidiana”.
A prefeitura de Camaçari teria prometido aos moradores colocar obstáculos nos acessos às praias que permitam a passagem de pedestres, mas não de veículos, além de fiscais com poder de polícia nos fins de semana. “O Ministério Público Federal, o Ibama e a Polícia Militar já foram acionadas e as providências tendem a serem tomadas”, informa Aquino.
Teo Almeida, economista e sociólogo, avalia que “o crescimento da renda e facilidade de crédito cria novos consumidores e novos hábitos”, o que explica a expansão do uso de quadriciclos na região. A “exacerbação de direitos e desvirtuação de limites por parte de pessoas com poder aquisitivo, mas sem consciência cidadã e educação civil” seria outro fator presente. Almeida aponta como extrapolação de limites o fato de “pais despreparados e negligentes ensinarem e permitem que menores circulem, nas praias e condomínios, com estes veículos, sozinhos muitas vezes ou com outros menores”. Para ele, trata-se de uma inversão de valores, de mau exemplo e de pessoas que não ensinam e educam porque não aprenderam e não são educadas.
Bom dia, Santo Amaro de Ipitanga
A edição de setembro da Vilas Magazine começa a circular no dia dois destacando em editorial a marca de 200 edições. Outro tema de destaque é o fim da coleta de lixo que a prefeitura sempre fez no pequeno comércio. O fim do serviço público está embasado em lei federal de 2010 que prevê responsabilidade compartilhada entre o poder público e o empresariado, deixando a regulamentação a cargo dos municípios. Em Lauro de Freitas, é uma lei de 22 anos atrás que estabelece o limite de 100 litros ou 500 kg para o que pode ser considerado “lixo domiciliar”. Qualquer coisa acima disso seria “responsabilidade do estabelecimento comercial”. Em Salvador, o limite é de 300 litros por dia.
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Editorial | 200 edições |
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Obras na Priscila Dutra cancelam 'rallye' | Prefeitura deixa de coletar lixo no pequeno comércio | Veja as capas dos principais jornais |
A coleta de lixo agora se tornou um luxo para nós, comerciantes |
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Thalita Cáceres, lojista que passou a tratar o lixo por conta própria depois que a prefeitura deixou de coletar no pequeno comércio. |
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